Apesar dos esforços do Programa Municipal de IST/HIV-Aids na redução de novos casos de infecção pelo HIV, o número de novos casos aumentou nos últimos 10 anos, especialmente em homens nos grupos de 15 a 19 e 20 a 24 anos. Os/as adolescentes e jovens relutam ir aos centros de diagnóstico para fazer o exame de HIV e os serviços não têm a capacidade de alcançar efetivamente aos/às jovens nas escolas.
A ONG Reprolatina, em parceria com a Diretoria de Ensino da Região Oeste e o Programa Escola da Família de Campinas-SP, e com o apoio financeiro da MAC Aids Funds Prevention, prepararam um projeto que incorpora a participação de adolescentes e jovens e os/as capacita para atuarem como agentes jovens de prevenção com seus pares visando aumentar as informações sobre as IST/HIV-Aids e a utilização da estratégia da prevenção combinada do HIV. Também inclui a implementação da introdução do autoteste para jovens (de 15 a 24 anos), com base na atuação dos/as agentes jovens de prevenção selecionados/as de algumas escolas de Campinas e da Universidade Estadual de Campinas.
A hipótese é que os/as Agentes Jovens de Prevenção podem ser mais eficazes na promoção do teste e na transmissão das mensagens educacionais do que os/as profissionais de saúde e educadores/as, de modo a contribuir para a diminuição da vulnerabilidade dos/as jovens, e para o alcance da meta 90-90-90 da ONU, que propõe:
Como parte desse Projeto, a Reprolatina capacitou dois grupos de educadores/as de pares, usando uma metodologia educacional participativa para que possam atuar junto a seus pares dando as informações necessárias para que aprendam a gerenciar seus riscos utilizando a estratégia de prevenção combinada e tomar decisões mais saudáveis.
Em 2019, o programa municipal de IST/HIV-Aids e hepatites virais de Campinas, sendo parte de um Projeto do Ministério da Saúde, começou a introdução do autoteste de HIV e convidou a Reprolatina para participar como parceira na implementação dessa introdução. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o autoteste de HIV como um processo no qual uma pessoa coleta sua própria amostra (fluido oral ou sangue) e, em seguida, realiza um teste e interpreta o resultado, sozinho ou com alguém em quem confia. Este teste representa mais um passo frente aos esforços para aumentar a autonomia do indivíduo, descentralizar os serviços e criar demanda de testes de HIV entre aqueles não alcançados pelos serviços, ou que precisam ser testados com mais frequência, devido à exposição contínua ao risco, ou seja, que precisam ser testados com frequência, devido à sua maior vulnerabilidade ao risco de contrair HIV, como os homens que fazem sexo com homens (HSH), a população trans, os/as trabalhadores/as do sexo, a população privada de liberdade e as pessoas usuárias de álcool e outras drogas.
Os/as agentes jovens de prevenção promoverão, além do teste rápido, o autoteste de HIV, referindo os/as jovens e/ou distribuindo o autoteste garantindo a privacidade e confidencialidade, com a qual se espera que aumente muito a procura e o uso do autoteste. A Reprolatina será um ponto de distribuição do teste autoaplicável e oferecerá o local para aqueles/as que prefiram fazer o teste no mesmo local, em vez de fazê-lo em sua casa.
A proposta é que os/as jovens se conscientizem da importância de fazer prevenção e diagnóstico precoce da infecção por HIV, porque o diagnóstico precoce da infecção permite também o início precoce do tratamento, melhorando significativamente o estado de saúde dos/as portadores/as do HIV, sua qualidade de vida e zerando a sua capacidade de transmissão do vírus a outras pessoas. Isso inclui informar e promover o uso dos recursos atualmente disponíveis para prevenção e tratamento no setor público, como a entrega gratuita de preservativos, acesso gratuito a testes para HIV, sífilis, hepatites B e C e acesso à prevenção pré e pós-exposição.
O sucesso na introdução do autoteste terá um impacto muito importante na saúde, porque o aumento do uso desse teste aumentará o número de pessoas que detectam a infecção pelo HIV nos estágios iniciais, idealmente, logo após a infecção. A detecção precoce permite tratar a infecção em estágios iniciais, quando o tratamento é mais eficaz porque ele reduz a carga viral, diminuindo as chances de infectar outras pessoas. Os resultados deste projeto podem ser usados como modelo para o resto do país
Campinas tem uma população de aproximadamente 1.182.429 habitantes (IBGE 2017). A epidemia de Aids em Campinas tem uma tendência à estabilização. Entretanto, ao analisar os casos novos de Aids no Município na última década, observa-se um aumento de casos na população jovem HSH de 15 a 29 anos de idade. Pelos dados, pode-se afirmar que a epidemia de Aids cresceu nessa população. A população jovem, em geral, e em especial os jovens HSH frequenta muito pouco as unidades de saúde.
A estratégia de ter a participação de jovens atuando nas ações educativas de prevenção permitirá alcançar a população de jovens de um modo geral e de jovens HSH. As ações do projeto, mesmo que num pequeno espaço de tempo, permitirão disparar um processo necessário e esperado pela coordenação do Programa Municipal de IST/HIV-Aids e Hepatites Virais de Campinas.
META #1 - 40 Jovens capacitados/as como educadores/as de pares e atuando como agentes de prevenção, diagnóstico e tratamento precoce do HIV-Aids, contribuindo com a meta 90-90-90.
Objetivos:
META # 2 - Aumentar o conhecimento e a conscientização dos/as jovens na escola e na universidade para gerenciar seus riscos, adotar atitudes de prevenção e motivação para fazer o teste de HIV.
Objetivos:
META # 3 - Implementar e avaliar uma estratégia visando aumentar o número de adolescentes e jovens com diagnóstico precoce do HIV e de outras ISTs.
A estratégia incluirá:
Uma das estratégias implementadas com sucesso pela Reprolatina é capacitar jovens para atuarem como agentes de prevenção levando informações e dialogando com outros/as jovens, em especial os/as que estão mais vulneráveis, para que reflitam sobre as suas vulnerabilidades, aprendam como gerenciar riscos, conheçam como prevenir as IST/HIV-Aids e utilizem as informações recebidas para viver a sexualidade com mais saúde e menos riscos. Em geral, adolescentes e jovens têm mais confiança para perguntar e escutar outros jovens do que perguntar para uma pessoa adulta. Isto se deve ao fato de que, em geral, jovem se comunica melhor com outro jovem, seja pela linguagem ou outra forma de comunicação, não julga, compreende e está vivendo as mesmas situações. Por esse motivo, é importante capacitar jovens para estarem preparados/as para informar, responder perguntas e trocar ideias com outros/as jovens visando melhorar a prevenção do HIV e de outras IST. Os/as jovens capacitados/as também mudam seus comportamentos e adotam práticas de autocuidado e proteção e se tornam referência ao atuar na prevenção, perguntar e esclarecer dúvidas de seus/suas pares.
Última atualização em 09/11/2020